creditoDiário Económico

Marta Marques Silva - 25/07/2013

 As PME são as principais beneficiadas, sobretudo através da descida de ‘spreads’.

 

Pela primeira vez desde a adopção de fortes restrições na concessão de crédito por parte dos bancos, há mais de dois anos, as instituições financeiras reportaram uma melhoria nas condições do financiamento no último trimestre, principalmente às pequenas e médias empresas (PME). Condições que se manterão para os próximos três meses ou, de acordo com uma das instituições consultadas, terão ainda melhorias adicionais.

De acordo com o inquérito aos bancos sobre o mercado de crédito, divulgado ontem pelo Banco de Portugal, duas das cinco instituições inquiridas apontaram critérios "ligeiramente menos restritivos" na aprovação de empréstimos a PME, nomeadamente empréstimos de curto-prazo. Para isso contribuíram principalmente a posição de liquidez dos bancos e, em menor escala, as pressões exercidas pela concorrência.

Quatro das cinco instituições ouvidas afirmaram ter diminuído ligeiramente os ‘spreads' aplicáveis aos empréstimos de médio e baixo risco para empresas. Já para as PME alguns bancos reportaram ainda uma ligeira melhoria nas comissões e outros encargos, nos montantes dos empréstimos, garantias exigidas e nas maturidades. Em contrapartida a procura por parte das empresas manteve-se praticamente inalterada no último trimestre. Apenas uma instituição revelou um aumento ligeiro da procura, nomeadamente para efeitos de reestruturação da dívida.

Para os próximos três meses, a maioria dos bancos não antecipa alterações na procura de empréstimos por parte das empresas, com excepção das PME, onde duas instituições acreditam que a procura poderá aumentar.

Torneira do crédito para as famílias continua fechada
Em contrapartida os bancos continuam sem dar sinais de alívio na concessão de crédito à habitação e ao consumo. Algumas instituições reportaram mesmo um ligeiro aumento da restritividade dos critérios de financiamento às famílias, sustentada nas perspectivas para o mercado de habitação, expectativas quanto à actividade económica em geral e na capacidade dos consumidores assegurarem o serviço de dívida.

Mas se os bancos continuam sem conceder crédito, as famílias procuram-no também cada vez menos. Os bancos apontam várias razões para essa tendência, como a confiança dos consumidores, consumo de bens duradouros em queda e até a constituição de poupança.